18.6.14

Branco

Muito se engana quem vê a pureza
como um branco morto,
o vazio completo,
o suspiro
- e só.

A verdadeira pureza é branco flamejante.
É uma onda que engloba,
envolve e dissolve,
dando luz a todas as outras cores
- é tudo.

17.6.14

Salmo 2

Arrasta-se furtivo o traiçoeiro
e leva consigo o punhal enganador.
Suas palavras venenosas cheiram a mel
e os olhos, fitos no tesouro, disfarçam a alma.

Pelos becos escuros trama,
mente, desmente e convence o distraído.
Engendra com gestos e elogios desmedidos
- claro, com todo cuidado - seu vil plano.

Tece inteira a teia
e cava a escura cova.
Cobre cada pequeno espaço
e aguarda ansiosamente pelo bote.

Mal sabe ele, pobre coitado,
a falha do plano infernal:
Seu pé tropeça na cova
e a mão enrosca na teia.

A dança inverte o compasso.
O homem vil, em desespero,
é preso pelo próprio laço.
Cai de joelhos, rendido,

e observa o riso farto do vencedor,
que andava pacientemente
- acompanhado
de seu salvador.